Boteco do Beco: Prato de Hoje: A frágil vida....

sexta-feira, 23 de março de 2007

Prato de Hoje: A frágil vida....


Acabei de assistir a um filme, antigo mas comovente... "A Cidade dos Anjos".
Acho que como a maioria aqui, também fiquei com um nó na garganta ao assistir. Enquanto engolia esse "caroço de abacate" que instistia em não descer, estava pensando em quão delicada e passageira é a vida e quanto tempo gastamos com coisas sem valor...
Nascemos, crescemos, casamos, temos filhos, envelhecemos e morremos... e qual o sentido de tudo isso???
Talvez o sentido da vida só irei descobrir quando morrer ou talvez nem descubra, mas uma coisa eu decidi: enquanto estiver aqui, não quero perder tempo questionando o porquê das coisas nem procurando a razão de tudo isso... Quero apenas viver...
Quero apenas viver, sentir, experimentar, sofrer, chorar, perder, ganhar... E quero viver tudo, cada sensação como se fosse a última vez que estivesse experimentando, pois nunca saberei quando realmente será a última vez.
Não sabemos nossa hora, não está nos sistemas de computador, não está nos calendários e muito menos na bíblia! Um segredo Divino desconhecido pela humanidade... Quando será a minha hora?
Não me importa mais se será daqui um dia, um mês ou um ano... Me importa aproveitar cada segundo como se fosse o último. Me importa viver cada passo dado, sentir cada toque, olhar todos os detalhes antes escondidos pela pressa...
Estou com 24 anos e pergunto-me: "Meu Deus... o que eu vivi esse tempo todo?" Não falo de quantidade e sim de qualidade. Quanto tempo perdi com coisas sem valor... Me preocupando com que os outros achariam ou pensariam... tentando viver uma pseudo identidade estereotipada pela sociedade, fazendo com que os sentimentos tornassem-se vagos, guardados em uma caixa em cima do guarda-roupas... Me esqueci do sabor das coisas, da textura das flores, do cheiro bom da chuva, do frio aconchegante de uma manhã de inverno... Me esqueci de VIVER!!!
Me esqueci como se chora por alguém que está partindo... Me esqueci como se abraça alguém que há tempos não vejo... Me esqueci do sorriso de gratidão em resposta a um simples "bom dia"... Essa "vida" que levamos, cheia de aviões, relógios e finanças nos arranca aos poucos o pouco de VIDA que temos... Vai consumindo devagar a essência de viver e quando nos damos conta, estamos fechando os olhos para esta que foi, lenta demais para nossos relógios, mas rápida demais para nossos sentimentos... a VIDA!
Ai será tarde demais para sentir o sabor das coisas, a textura das flores, do cheiro bom da chuva, do frio aconchegante de uma manhã de inverno, pois a morte não espera! E ela vem, e ela leva e ela não volta atrás... E como num passe de mágicas, deixamos tudo isso para trás com a vaga sensação de não termos vivido o bastante... Ou de não termos aproveitado o bastante o bastante que vivemos.
Quem faz a vida longa ou curta somos nós! Não com nosso relógios ou com pílulas de emagrecimento! A vida se torna longa quando se vive, quando se sente, quando se abre para os pequenos detalhes que nos fazem verdadeiramente felizes... E pelo caminho da vida, encontramos essa felicidade aos montes, mas nosso relógios, nossos aviões e nossas finanças nos gritam "Não há tempo a perder" e passamos correndo pela felicidade, sem notar que todo o tempo do mundo já foi perdido!
Quero voltar a viver e não simplesmente ser um mero figurante nesse teatro. Quero assumir meu papel de ator principal nesse espetáculo magnífico chamado vida e no fim, quero escutar os aplausos do meu coração me dizendo que fiz um bom papel!

A vida por si só é um teatro de fantoches e nunca saberemos quando as cortinas se fecharão. Então, que aproveitemos o espetáculo!

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